Sempre que converso com empresários sobre migração de documentos para a nuvem, uma pergunta que ouço com frequência é: “e se a internet cair, como eu faço para acessar os meus documentos”? Essa é uma pergunta muito boa, mas antes de respondê-la eu gosto de fazer uma segunda: quanto tempo o seu negócio consegue funcionar sem acesso à internet?
Com a queda no preço e a melhora da qualidade dos serviços de banda larga, o mundo dos negócios está migrando em grande velocidade para a nuvem, e não apenas os dados, mas também infraestrutura, software e serviços. Por isso, alguns negócios hoje dependem integralmente do acesso à Internet. Um motorista que faz corridas para Uber, por exemplo, precisa estar 100% conectado ao aplicativo se quiser receber o máximo de corridas possível. Para isso, é prudente que tenha acesso a planos de dados com mais de uma operadora, diminuindo assim o risco de falha de conexão em determinadas áreas da cidade.
Um exemplo do mercado bancário
Para ilustrar ainda mais essa dependência vale recordar o que ocorreu no mercado bancário brasileiro. Durante os anos 80 e 90 uma verdadeira revolução ocorreu no mercado de bancos. Processos manuais foram automatizados e as agencias, que trabalhavam de forma isolada, foram interconectadas. Como resultado, os bancos passaram a prestar mais serviços e atender mais pessoas, com um contingente de funcionários cada vez menor. Apenas na década de 90, segundo dados do sindicato dos bancários, o número de empregados em bancos caiu pela metade.
Nesse processo, os bancos passaram a depender cada vez mais da tecnologia e da interconexão entre as agencias, suas matrizes, o banco central, e as câmaras de compensação.
No início, quando essa conexão era frágil, as agências precisavam conviver com processos alternativos em caso de perda de conectividade. Era o caso dos chamados “listões” de contas-correntes e poupança, que mostravam o saldo de fechamento do dia anterior das contas e eram usados para fazer o pagamento aos clientes, no caso de uma perda de conexão ou queda de sistema.
Hoje, com as transações em tempo real, esse tipo de contingência se tornou inviável, pois os clientes não ficam satisfeitos em saber o saldo do dia anterior, eles precisam da posição atual, nesse minuto. Por isso, as agências necessitam de processos de contingência que garantam que os seus sistemas estejam sempre no ar, e com a posição 100% atualizada, o que invariavelmente depende de conexão com outros sistemas e com outras instituições, geograficamente espalhadas pelo Brasil.
E então, quanto tempo o seu negócio consegue funcionar sem internet?
Voltando então para a sua empresa e à pergunta do início do artigo, quanto tempo o seu negócio consegue funcionar sem o acesso à internet? Além dos dados, que outros processos na sua empresa dependem da tecnologia? Se você parar para pensar, verá que são vários, ou quase tudo que sua empresa faz. Email, emissão de notas fiscais, recebimento de pedidos, pagamento a fornecedor, etc. Quase tudo depende da TI. Basta ver o que acontece quando falta luz no prédio. A maioria das pessoas cruzam os braços. Certo?
Ferramentas de sincronização de dados, uma boa alternativa, mas…
Se você quer migrar os seus dados para a nuvem e deseja ter a tranquilidade de tê-los também armazenados em seu local, você pode usar uma ferramenta de sincronização de dados, nós inclusive já escrevemos sobre duas delas aqui no CIOnaNuvem, o Google Drive, e o OneDrive for Business, que faz parte do pacote do Office 365.
Essas ferramentas, que sincronizam automaticamente com a nuvem qualquer alteração feita nos documentos, são úteis especialmente para quem trabalha muito tempo fora do escritório e precisa ter acesso aos seus dados, mesmo quando uma conexão com a internet não está disponível.
Mas você precisa lembrar que ter os dados em casa também não é garantia de 100% de disponibilidade, pois pode haver uma queda de energia, uma falha no hardware, ou até um vírus, que podem impedir que você acesse os seus dados no momento em que mais precisar.
A verdade é que na grande maioria dos casos, os dados armazenados na nuvem estão mais protegidos e seguros do que se estivessem em servidores ou desktops da empresa. Com a vantagem adicional de você poder acessá-los de qualquer lugar, a partir de qualquer dispositivo.
Ter uma boa contingência, a solução definitiva
O que você realmente precisa ter, assim como as agências bancárias citadas anteriormente (guardadas as devidas proporções), é uma boa contingência para o seu acesso à internet. Se você já tem um contrato com a NET, por exemplo, procure contratar um segundo plano com outro fornecedor, que pode ser a Vivo, a GVT, ou a TIM, dependendo da disponibilidade da sua região. Este segundo plano pode até ter preço e velocidade um pouco menores que o link principal.
Portanto, se você já tem os seus dados na nuvem, ou mesmo que ainda não os tenha, considere a aquisição de um segundo link de internet, ele lhe dará a tranquilidade de que, em caso de uma falha no link principal, você seguirá acessando os seus dados, assim como utilizando normalmente todos os demais serviços que dependem de uma conexão com a web.